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Antigamente, prever o tempo para além das horas seguintes era um exercício de adivinhação. Víamos uma “barra ao mar” e sabíamos que vinha chuva no dia seguinte. Com o céu muito vermelho ao pôr do sol tínhamos um sinal de calor. Ver as andorinhas a voar baixo era e sinal de chuva, porque as moscas também estão mais baixas (e já agora, ferram mais, porque tem que guardar provisões antes da chuva).
Há uns 30 anos, as previsões eram muito genéricas e para uma previsão mais específica tinha de se ligar para uma linha de valor acrescentado do Instituto de meteorologia. Um dia algum colega mais desenrascado, querendo cortar erva, precisava saber se teria dias suficientes de sol para secar, de modo a fazer feno. Ligou para o nosso aeroporto, então chamado “Pedras Rubras” e pediu informações. A coisa espalhou-se e foi muito útil durante algum tempo até que os funcionários do aeroporto se cansaram de dar informações a cada vez mais agricultores.
Nos últimos anos, as previsões tornaram-se mais precisas, pelo menos até 10 dias e muitos sites oferecem, de forma gratuita, previsão de chuva e vento quantificados para cada local. Todas as previsões são, como o nome indica, previsões, não são garantias e têm um grau de falibilidade. Ainda assim, há sites que nos permitem comparar as previsões dos vários “modelos” que se baseiam em diferentes computadores e fontes de informação, como as estações meteorológicas e os radares meteorológicos. Se pagarmos, podemos ter informações mais precisas e atualizadas.
Ora acontece que nós já pagamos, com os nossos impostos, o IPMA, Instituto português do mar e da atmosfera, que apresenta as suas previsões de forma muito genérica e que, na minha opinião, devia quantificar as previsões com o número de litros de chuva por metro quadrado e os kms/hora de vento previsto, como fazem sites como o windguru ou weather underground. Estou convencido que tem essas previsões disponíveis, mas não estão à vista como nos sites que referi.
Um último ponto: temos observado nos últimos anos, com mais frequência, fenómenos extremos de chuva, vento e temperaturas que afetam a agricultura e muitas vezes põe em risco os bens e a vida das pessoas . Por isso acho super-importante dar ao instituto de meteorologia todos os meios necessários para terem à disposição a melhor tecnologia existente e, por outro lado, para além de quantificar as previsões, fazê-la chegar rapidamente às pessoas em caso de alerta grave, para não suceder o que aconteceu em Valência.
Em casos extremos, como tivemos a tempestade Kirk, que estava prevista desde 10 dias antes de ocorrer, penso que os governantes devem ajudar a divulgar a informação e apelar às pessoas para se protegerem (como fazem os governadores nos Estados Unidos em caso de furacões).
E devem também dar mais formação sobre os fenómenos meteorológicos, porque o desconhecimento aliado à facilidade de espalhar qualquer teoria trouxe-nos a um paradoxo. Até à pouco tempo as pessoas duvidavam da capacidade dos meteorologistas preverem o estado do tempo. Agora acham que os meteorogistas manipulam o tempo. E os meteorologistas que deviam estar a investigar têm de passar o tempo a explicar e discutir com quem leu umas coisas na Internet e acha que sabe mais do que Acontece o mesmo na saúde e na agricultura.