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Um leitor desta página pediu-me para escrever sobre o cálcio, o pH, análises e adubações. Eu não sou agrónomo (sou técnico de gestão agrícola e recorro ao conselho de agrónomos, veterinários e outros especialistas sempre que preciso) e o objetivo desta página não é dar conselhos de agricultura (apenas mostrar como faço agricultura, para os consumidores saberem como produzimos os alimentos) mas tendo muitos seguidores agricultores também tenho gosto em partilhar o que aprendi na esperança que dessa partilha todos fiquemos um pouco mais ricos.
Entretanto, tenho reparado que o preço do adubo subiu por todo o mundo, até nos Estados Unidos que estão mais longe da guerra, mas vivemos num mercado e numa aldeia global onde todos são afetados.
Perante isso fazem - se piadas sobre a redução de adubo. Espero que sejam só piadas, porque cortar "à toa" no adubo pode dar um prejuízo enorme, porque gastam dinheiro na preparação da sementeira, na semente, na rega e se faltar um único nutriente será esse a limitar a produção. Essa é a chamada "lei do mínimo" ou lei de Liebeg.
Portanto é fundamental fazer análise de terra, sem ter que ser todos os anos, poderá bastar cada dois ou três anos.
Nas análises de terra mais simples não se analisa o teor do azoto, porque é muito volátil e facilmente arrastado pela água, mas apenas o teor de matéria orgânica, o fósforo, o potássio e o pH, que mede a acidez do solo e depende do teor de cálcio no solo. O cálcio, não sendo um macronutriente como o azoto, fósforo e potássio (os famosos N, P, K), é muito importante porque é um elemento de ligação para a fixação e aproveitamento de outros elementos como o fósforo.
O cálcio é facilmente arrastado pela água, o que dá resultados muito bonitos nas grutas de regiões calcárias como Fátima, mas torna ácidos solos onde chove mais, como no litoral norte onde estamos. O calcário não vem da Rússia nem da Ucrânia, há muito por aí, é natural que esteja um pouco mais caro por causa do custo de extração ou transporte, mas não triplicou de preço como os adubos azotados. Há muitas opções no mercado, com preços diferentes. Cada cultura tem um pH ideal, portanto é importante fazer análises e aconselhar-se junto dos técnicos.
Onde se pode "cortar" / poupar, como já referi, é na valorização do estrume ou chorume aplicado. Fazer as contas, para não colocar adubo em excesso, fracionar a aplicação (deixar uma parte para a sacha, quando possível) e fazer a adubação localizada. Haverá outras, conforme a situação. Sempre que possível peçam conselho técnico e troquem experiências com os colegas. Boas sementeiras!
#carlosnevesagricultor