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Como lidar com adubo caro?

por Carlos Neves, em 22.03.22

 

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O preço do adubo disparou nos últimos meses, ainda antes da Rússia invadir a Ucrânia. Isso aconteceu por causa do aumento do custo da energia para as fábricas de fertilizantes e também por causa do aumento da procura de adubos, provavelmente ligada ao aumento da procura de cereais. Com a guerra, tudo se agravou. A Rússia era o segundo maior produtor de adubo azotado, potássio e o quarto de fósforo (os três macro-nutrientes) para alimentar as plantas. Nos micronutrientes, a Rússia é o 9º maior produtor mundial de cobre, molibdénio e zinco, e o 2º de cobalto, citando o site globalfert. Na Ucrânia também havia fábricas importantes de fertilizantes. 

Para responder a este desafio, a União Europeia vai tentar a compra conjunta de adubos (não sei como e quando isso vai funcionar) e o nosso governo irá incentivar / estudar o uso de adubos orgânicos como alternativa. Também não sei o alcance desta medida, será positivo para a pecuária sem terra, como as suiniculturas, cujos efluentes passarão a deixar de ser um problema para ter um valor. Isso é o que desde sempre tentamos fazer na produção de leite, usando os excrementos das vacas (os efluentes pecuários) para adubar a terra que cultivamos, apesar de algumas pessoas chamarem a polícia por causa do mau cheiro ao espalhar o chorume e o governo aprovar regulamentos como o novo REAP (portaria 79/2022) que dificultam a sua utilização em todos os terrenos. Sobre a valorização do chorume, quero referir que os professores Henrique Trindade (UTAD) e David Fangueiro (ISA) tem feito investigação relevante na matéria nas últimas décadas. Nomes a pesquisar por quem quiser saber mais.

Conselho prático: enterrar rapidamente para abafar o mau cheiro e não perder o azoto por volatização. Tenho vários hectares de erva para colher agora que apenas levaram chorume antes de sementeira em outubro e outros onde além do chorume à sementeira apenas fiz cobertura com 100 kg de nitro27.

Uma coisa que se torna ainda mais importante é analisar a terra antes das adubações. Como escrevi há poucas semanas, “uma análise de terra custa menos do que um saco de adubo e permite poupar e ganhar muito mais". A frase tem mais de 30 anos mas ganhou agora um valor redobrado ou triplicado como o adubo. Um nutriente em falta limita o aproveitamento de todos os outros. Adubar em excesso é deitar dinheiro fora e pode ser mau para o ambiente.

Mais duas coisas simples que podemos fazer no caso do milho: 1) adubação localizada com o semeador, deitando apenas o adubo junto à linha da sementeira, em vez de espalhar em todo o terreno. Adubação fracionada: usar uma pequena quantidade à sementeira, por exemplo de adubo “starter”, que é aplicado em pequenas quantidades no micro-granulador que quase todos os semeadores têm e depois colocar o resto na altura da sacha. Certamente haverá ainda outras técnicas que se podem usar e quem entender pode partilhar connosco. Sejam benvindos a uma discussão positiva.

#carlosnevesagricultor

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publicado às 08:28



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