Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Segundo as estimativas dos demógrafos, o planeta Terra tem atualmente uma população superior a oito mil milhões de pessoas. O número não me surpreendeu porque, ao longo dos últimos anos, quando alguém queria motivar a audiência numa palestra para agricultores, começava por explicar que em 2050 teremos nove mil milhões de bocas para alimentar e, portanto, à medida que aumentar a procura, os alimentos e o trabalho dos agricultores deverão ser mais valorizados.
Sempre encarei isso com muito cepticismo face à evolução dos preços dos produtos agrícolas no produtor, nomeadamente no setor do leite. Senti muitas vezes que estavam a tentar colocar à nossa frente a cenoura pendurada no pau amarrado às nossas costas, para não desanimarmos. Nos últimos meses finalmente o preço do leite subiu, acompanhando os custos de produção, mas ainda é cedo para perceber se vai estabilizar em preços decentes ou regredir como aconteceu em 2009.
Há 200 anos, quando a terra teria cerca de mil milhões de habitantes, Thomas Malthus, clérigo, economista e matemático inglês, considerado o pai da demografia, observando o crescimento exponencial da população e prevendo um aumento limitado da capacidade de produzir alimentos, avisou que ia faltar a comida para todos se não houvesse controlo da população. As suas previsões não se concretizaram porque entretanto o desenvolvimento científico e tecnológico aumentou a capacidade de produzir comida de tal forma que hoje podemos alimentar estes 8 biliões de pessoas. É certo que muita gente passa fome mas isso tem mais a ver com guerras e injustiças do que com falta de comida no mundo, porque noutros locais há fartura e desperdício.
Foram o trabalho, o estudo e a investigação que nos ajudaram a aumentar a produção agrícola, a reduzir a mortalidade infantil e aumentar a esperança média de vida. Às vezes cometem - se erros e excessos, mas o caminho é por aí. Estudar, investigar e trabalhar.
#carlosnevesagricultor
44511 idosos foram sinalizados pela GNR por viverem sozinhos ou isolados em situação vulnerável em zonas rurais, segundo um comunicado divulgado esta semana.
Antigamente a nossa vida era mais curta e as nossas famílias e casas eram maiores. Numa família numerosa era mais fácil encontrar algum filho, quase sempre filha, disponível para sacrificar a sua vida a cuidar dos pais até ao fim da vida. Tenho um enorme respeito e admiração por aqueles e aquelas que cuidaram, cuidam e também precisam de apoio.
Por outro lado, temos hoje segurança social e respostas comunitárias de IPSS que antes não existiam. Apesar do muito que ainda falta fazer e melhorar, temos lares para residência permanente e centros de dia onde os mais velhos podem passar umas horas de convívio com algumas atividades, ter apoio para as refeições e higiene pessoal. E essas horas no centro de dia são também as horas de descanso possível para os cuidadores familiares, para fazer as compras ou para o seu ganha-pão. Deixo aqui uma palavra de agradecimento aos trabalhadores que cuidam dos nossos mais velhos e uma palavra de encorajamento a quem esteja com vergonha ou receio de ir para um centro de dia.
A solidão é dolorosa. As visitas de amigos e familiares atenuam essa solidão, mas se já era difícil encontrar tempo disponível (e coragem, às vezes) para visitar um familiar ou amigo idoso, a necessidade de os protegermos da pandemia deixou-nos ainda mais distantes e aos idosos mais sós.
Por outro lado, hoje temos tecnologias que nos ajudam a manter o contacto, mesmo com os familiares do outro lado do mundo. Claro que um idoso nem sempre consegue fazer uma videochamada no tablet (às vezes, será uma questão de algum tempo e paciência), mas um simples telefonema já vale a pena, nem que seja para dar os bons-dias e falar sobre o estado do tempo, quando não sabemos mais o que dizer. Vamos ligar mais aos mais velhos?
#carlosnevesagricultor
Ligaram-me a propor a frequência de um curso COTS - Conduzir e Operar o Trator em Segurança, dizendo que será obrigatório a partir de Julho de 2023. É um curso de 35 horas e tem um custo de 200 euros. Respondi que não preciso de fazer essa formação, porque obtive a carta de trator frequentando o curso de Operador de Máquinas Agrícolas, onde o módulo da segurança está incluído. Insistiram comigo, pediram-me o e-mail para enviar mais informação e basicamente enviaram a ficha de inscrição.
Liguei para duas organizações agrícolas onde já recebi formação e confirmei a informação que tinha:
- Quem tem o curso de Operador de Máquinas Agrícolas não precisa de fazer o COTS.
- Parece haver dúvidas em relação a quem tirou a carta de conduzir trator numa escola de condução.
- Não há dúvida de que essa formação é obrigatória para quem tem apenas carta de condução de ligeiros ou pesados e pretenda conduzir trator.
Importante: é possível obter essa formação de forma gratuita nas organizações agrícolas que têm fundos comunitários para isso. Informe-se antes de pagar.
Se entretanto já fez ou vai fazer esta formação, é sempre útil. Todos os anos morrem dezenas de portugueses debaixo de tratores. Se servir para evitar que alguém se magoe ou perca a vida, já vale a pena.
P.S. Não esquecer que é obrigatório renovar a carta de trator aos 50 anos (esquecer a data de validade indicada) porque a lei mudou.
#carlosnevesagricultor