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Agricultura em viagem - Canadá

por Carlos Neves, em 21.11.22

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Em Novembro de 2002, tive oportunidade de visitar a agricultura do Canadá, o segundo maior país do mundo, com uma área de quase 10 milhões de km2 e 30 milhões de habitantes, o que dá uma densidade de 3 habitantes por km2 (Portugal tem 123 hab/ km2). Sendo muito extenso, o Canadá tem climas diferentes, desde o polar a Norte até ao temperado da faixa atlântica, mas é basicamente um país frio. Visitei os estados do Quebec e Ontário.
A raça Holstein-frísia (preta e branca), originária do Norte da Europa, levada para a América há pouco mais de um século, foi alvo de seleção ao longo dos anos, de modo que hoje Canadá e EUA são os maiores exportadores mundiais de genética animal no sector leiteiro. Sendo a viagem organizada pela empresa canadiana que reúne as maiores cooperativas do sector para exportação da genética canadiana para 70 países, o programa incluiu visitas a 17 vacarias, 2 centros de inseminação artificial e 2 concursos de animais.
Das visitas às vacarias, destaco o acolhimento dos agricultores canadianos (café quente e bolinhos em todas as explorações), o cuidado posto na limpeza dos estábulos (impecavelmente limpos e pintados) e dos animais (muitas das vacas lavadas e tosquiadas). Em todos os locais visitados se percebia o cuidado e a atenção dedicados aos animais.
Num pavilhão onde habitualmente os canadianos assistem ao seu desporto favorito (hóquei no gelo), visitámos o concurso regional do Quebec, onde foram eleitas as vacas “mais bonitas” da região levadas a concurso nas diversas categorias etárias. Atenção: uma vaca não é considerada bonita por causa do desenho das pintas, mas pela avaliação de um conjunto de parâmetros (o “tipo”) definidos pelos especialistas em todo o mundo, relacionados com o tamanho do animal, saúde de pernas e pés, forma do úbere, que vislumbrem uma boa produção num animal saudável, com uma vida longa.
Passados uns dias, reencontrámos alguns dos vencedores desse concurso no grande concurso nacional da Royal Show - Agricultural Winter Fair, (Feira Agrícola de Inverno) em Toronto.
Enquanto os criadores se concentravam no concurso para eleger a vaca mais bonita do Canadá, o salão anexo, onde estavam os stands das empresas fornecedoras do sector, associações e organismos oficiais, foi literalmente invadido por centenas de crianças da região, crianças do meio urbano, que vieram descobrir a agricultura, os animais, as plantas, o meio rural, recebendo um “passaporte educacional” que tinham de carimbar nos diferentes stands educativos, através de teatros, jogos, concursos, onde podiam ver como se faz a ordenha, por exemplo. Explicava-se como se produzem os alimentos, como os animais são tratados, o que se faz para proteger o ambiente.
Apesar de ter chovido sempre que deixámos a parte profissional e fizemos turismo, visitámos, entre outros locais, Montreal (magnífica Catedral de Nossa Senhora), Toronto (estivemos a 450 metros de altura na CN Tower) e as cataratas do Niagara (pena o frio).
A recordar: O espaço imenso, o verde, o frio, a neve, o calor humano do acolhimento, o profissionalismo, o cuidado com os animais e as peripécias da viagem. Na chegada ao Canadá, com medidas de segurança reforçadas por causa do ataque às Torres Gémeas no ano anterior, fomos interrogados duas horas na alfândega, pois suspeitaram que fossemos um grupo de imigrantes ilegais. A viagem de regresso demorou 24 horas, atrasada pelas medidas de segurança, lavagem da neve sobre o avião, resolução de uma avaria, tendo o piloto dito que “pensava” que estava resolvida, perda do voo de ligação em Paris e evacuação do terminal sob suspeita de bomba por bagagem abandonada… mas voltámos todos bem.

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publicado às 23:30

Oito mil milhões de pessoas para alimentar

por Carlos Neves, em 16.11.22

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Segundo as estimativas dos demógrafos, o planeta Terra tem atualmente uma população superior a oito mil milhões de pessoas. O número não me surpreendeu porque, ao longo dos últimos anos, quando alguém queria motivar a audiência numa palestra para agricultores, começava por explicar que em 2050 teremos nove mil milhões de bocas para alimentar e, portanto, à medida que aumentar a procura, os alimentos e o trabalho dos agricultores deverão ser mais valorizados.
Sempre encarei isso com muito cepticismo face à evolução dos preços dos produtos agrícolas no produtor, nomeadamente no setor do leite. Senti muitas vezes que estavam a tentar colocar à nossa frente a cenoura pendurada no pau amarrado às nossas costas, para não desanimarmos. Nos últimos meses finalmente o preço do leite subiu, acompanhando os custos de produção, mas ainda é cedo para perceber se vai estabilizar em preços decentes ou regredir como aconteceu em 2009.
Há 200 anos, quando a terra teria cerca de mil milhões de habitantes, Thomas Malthus, clérigo, economista e matemático inglês, considerado o pai da demografia, observando o crescimento exponencial da população e prevendo um aumento limitado da capacidade de produzir alimentos, avisou que ia faltar a comida para todos se não houvesse controlo da população. As suas previsões não se concretizaram porque entretanto o desenvolvimento científico e tecnológico aumentou a capacidade de produzir comida de tal forma que hoje podemos alimentar estes 8 biliões de pessoas. É certo que muita gente passa fome mas isso tem mais a ver com guerras e injustiças do que com falta de comida no mundo, porque noutros locais há fartura e desperdício.
Foram o trabalho, o estudo e a investigação que nos ajudaram a aumentar a produção agrícola, a reduzir a mortalidade infantil e aumentar a esperança média de vida. Às vezes cometem - se erros e excessos, mas o caminho é por aí. Estudar, investigar e trabalhar.
#carlosnevesagricultor

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publicado às 20:25

Desconfinar a agricultura - Crónicas agrícolas para oferecer

por Carlos Neves, em 09.11.22

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Em meados de Agosto, estava no campo com o Hugo a terminar de ligar uma rega quando recebi um telefonema: o livro de crónicas agrícolas "Desconfinar a agricultura" acabara de chegar e era preciso ajudar a descarregá-lo do camião. Voltámos rapidamente a casa, descarregámos os livros e no final ofereci ao Hugo o primeiro exemplar. Foi uma escolha natural e merecida por quem trabalha connosco há mais de 20 anos em todas as tarefas, alguém que acompanhou o envelhecimento dos meus pais e o crescimento dos meus filhos, como é normal nas nossas empresas familiares onde os colaboradores se tornam parte da família.
Aproveito para lembrar que ainda tenho alguns livros disponíveis para venda e agora que o Natal se aproxima pode ser uma boa oferta para alguém que goste de ler histórias diferentes sobre agricultura, sobre a forma como se cultivam os campos e criam animais para produzir alimentos.
Histórias com raízes no passado, para explicar como começou, para mostrar de onde viemos, porque mudámos, passado que muitos recordam com saudade mas que não tem que ser motivo de tristeza e por isso procuro apontar e encarar o futuro com esperança.
Posso enviar facilmente o livro pelo correio, por um custo total de 16€ já com o envio incluído. Basta que me contactem através de carlosneves74@sapo.pt para explicar as formas possíveis de pagamento.
#carlosnevesagricultor
#desconfinaraagricultura
#crónicasagrícolas
#dopradoaoprato

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publicado às 23:51

Ligar aos mais velhos

por Carlos Neves, em 05.11.22

44511 idosos foram sinalizados pela GNR por viverem sozinhos ou isolados em situação vulnerável em zonas rurais, segundo um comunicado divulgado esta semana.

Antigamente a nossa vida era mais curta e as nossas famílias e casas eram maiores. Numa família numerosa era mais fácil encontrar algum filho, quase sempre filha, disponível para sacrificar a sua vida a cuidar dos pais até ao fim da vida. Tenho um enorme respeito e admiração por aqueles e aquelas que cuidaram, cuidam e também precisam de apoio.
Por outro lado, temos hoje segurança social e respostas comunitárias de IPSS que antes não existiam. Apesar do muito que ainda falta fazer e melhorar, temos lares para residência permanente e centros de dia onde os mais velhos podem passar umas horas de convívio com algumas atividades, ter apoio para as refeições e higiene pessoal. E essas horas no centro de dia são também as horas de descanso possível para os cuidadores familiares, para fazer as compras ou para o seu ganha-pão. Deixo aqui uma palavra de agradecimento aos trabalhadores que cuidam dos nossos mais velhos e uma palavra de encorajamento a quem esteja com vergonha ou receio de ir para um centro de dia.
A solidão é dolorosa. As visitas de amigos e familiares atenuam essa solidão, mas se já era difícil encontrar tempo disponível (e coragem, às vezes) para visitar um familiar ou amigo idoso, a necessidade de os protegermos da pandemia deixou-nos ainda mais distantes e aos idosos mais sós.
Por outro lado, hoje temos tecnologias que nos ajudam a manter o contacto, mesmo com os familiares do outro lado do mundo. Claro que um idoso nem sempre consegue fazer uma videochamada no tablet (às vezes, será uma questão de algum tempo e paciência), mas um simples telefonema já vale a pena, nem que seja para dar os bons-dias e falar sobre o estado do tempo, quando não sabemos mais o que dizer. Vamos ligar mais aos mais velhos?
#carlosnevesagricultor

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publicado às 19:10

Conduzir e Operar o Trator em Segurança

por Carlos Neves, em 02.11.22

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Ligaram-me a propor a frequência de um curso COTS - Conduzir e Operar o Trator em Segurança, dizendo que será obrigatório a partir de Julho de 2023. É um curso de 35 horas e tem um custo de 200 euros. Respondi que não preciso de fazer essa formação, porque obtive a carta de trator frequentando o curso de Operador de Máquinas Agrícolas, onde o módulo da segurança está incluído. Insistiram comigo, pediram-me o e-mail para enviar mais informação e basicamente enviaram a ficha de inscrição.
Liguei para duas organizações agrícolas onde já recebi formação e confirmei a informação que tinha:
- Quem tem o curso de Operador de Máquinas Agrícolas não precisa de fazer o COTS.
- Parece haver dúvidas em relação a quem tirou a carta de conduzir trator numa escola de condução.
- Não há dúvida de que essa formação é obrigatória para quem tem apenas carta de condução de ligeiros ou pesados e pretenda conduzir trator.

Importante: é possível obter essa formação de forma gratuita nas organizações agrícolas que têm fundos comunitários para isso. Informe-se antes de pagar.
Se entretanto já fez ou vai fazer esta formação, é sempre útil. Todos os anos morrem dezenas de portugueses debaixo de tratores. Se servir para evitar que alguém se magoe ou perca a vida, já vale a pena.
P.S. Não esquecer que é obrigatório renovar a carta de trator aos 50 anos (esquecer a data de validade indicada) porque a lei mudou.
#carlosnevesagricultor

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publicado às 21:22


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