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Investigar e semear para vencer a seca

por Carlos Neves, em 23.02.22

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Costuma dizer-se que os vagões vazios do comboio são os que fazem mais barulho. O ditado também é válido para carroças, reboques agrícolas e especialistas sobre a seca. Por exemplo, ainda não vi entrevistar especialistas em rega para mostrar como poupamos água na agricultura sem deixar a sociedade passar fome.

Eu não sou “especialista”, mas quero acrescentar mais uma reflexão a partir da minha experiência e da cabine do trator. Segunda-feira de manhã, estando vazia a manjedoura das novilhas, fui cortar erva. O ideal era esperar pelo meio-dia, porque a erva estava molhada, mas os animais precisavam de comer. As gotas de orvalho douradas pelo sol que nascera há pouco desafiavam-me a fotografar e partilhar as imagens, com o orgulho habitual do agricultor que mostra a sua colheita de batatas, milho, fruta, ou de um arquiteto que mostra a última obra. Num ano normal teria publicado essas fotos, mas contive-me, pensando nas pastagens secas de outros agricultores por todo o país, sobretudo no interior e no Alentejo.

Escolhi apenas umas imagens mais bonitas para o instagram e para as “stories”, sem mostrar exactamente o que era, mas depois pensei que seria útil falar sobre isto. A erva que consegui agora colher nesta parcela, o campo do sol, semeada em outubro, sem rega nem adubação (levou chorume antes da sementeira) é uma “mistura biodiversa de aveia, azevém, ervilhaca e trevos anuais". Trabalho de investigação de uma empresa de sementes. Fizeram um ensaio aqui perto e publicaram os resultados. Escolhi esta opção por ser a mais rústica, com boa produção em colheita precoce e estou a gostar dos primeiros resultados.

Por curiosidade, eu tinha deixado de semear aveia, como o meu pai usava, porque ao semear cedo variedades precoces e não conseguindo gastar toda a erva nem armazenar, se não cortássemos, a aveia caia, “melava” e matava as outras ervas. Ou então em abril ganhava “ferrugem” e perdia qualidade. Nos últimos anos voltei a usar aveia com variedades mais tardias, que funcionam melhor.

É isto a solução para todas as terras e regiões? Certamente que não! É só um exemplo para mostrar que a pastagem não é solução para tudo. Aquilo que observo é que este sistema de colher e armazenar a erva e o milho silagem é o mais resistente à seca. Mas não dá para todo o lado. Em cada tipo de solo, em cada clima diferente é preciso experimentar, colher dados, analisar e publicar resultados. Investigar e comparar culturas, variedades, técnicas de rega, consumos de energia, estratégias de economizar água e resultados económicos. É preciso investigar e comunicar. Isso é agricultura moderna, de precisão, a agricultura que funciona, a que nos permite sobreviver como agricultores e alimentar os outros 98% da sociedade. Investigação das empresas, das cooperativas, das casas de sementes, das universidades, agora que a tarefa de investigação agrícola parece ter sido transferida das estações agrárias para as universidades. Precisamos de investigar mais, comunicar mais, partilhar mais e mandar menos “bitaites” genéricos sobre a agricultura que “gasta” 75% da água. Agrónomos, cheguem-se à frente neste debate!

 

 

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publicado às 08:29

Analisar para conhecer a terra

por Carlos Neves, em 20.02.22
"Uma análise de terra custa menos do que um saco de adubo e permite poupar e ganhar muito mais".
Esta frase tem mais de 30 anos, ouvi-a ontem na gravação do nosso programa "campo verde", na rádio Foz do Ave na pela voz do professor que então nos acompanhava, o Eng. Rui Reis.
Se já era verdade há 30 anos, imaginem agora que o preço do adubo mais do que dobrou de um ano para o outro. É muito importante saber o que temos e o que falta no solo. Um nutriente em falta limita o aproveitamento de todos os outros. Os macro-nutrientes são o azoto, o fósforo e o potássio. Resumindo, o azoto é o elemento da quantidade, o fósforo da saúde das plantas e o potássio da qualidade. Todos são necessários em quantidades diferentes conforme as necessidades de cada planta. O cálcio não é um nutriente mas é a ponte necessária para os outros nutrientes.
Um agrónomo, com uma análise do solo, poderá explicar e aconselhar melhor do que eu. Eu limito - me a ouvir os seus conselhos depois de colher algumas amostras de terra e levar os miúdos a colher outras.
#carlosnevesagricultor

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publicado às 23:45

A agricultura e os fidalgos da Casa Mourisca

por Carlos Neves, em 14.02.22

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A chuva deste domingo de fevereiro, além de valer ouro para regar a terra, deu-me a oportunidade para terminar a leitura dos "Fidalgos da Casa Mourisca", de Júlio Dinis.

O meu pai costumava dizer, com alguma solenidade, "os livros são os nossos melhores amigos, só nos pedem que não os emprestemos". Felizmente, neste ponto, não cumpriu o que dizia. Há alguns meses, um seu velho amigo, que eu já não via há muito tempo, apareceu de surpresa, caminhando com dificuldade e conduzido pela neta, para devolver um livro que o meu pai lhe emprestara. Por esse acaso marcante e singular, este livro passou para o topo da lista de leituras. 

Júlio Dinis era o autor preferido do meu pai, pela mão de quem li muito cedo "As pupilas do senhor reitor" e "A morgadinha dos canaviais". Ler os fidalgos foi beber um pouco da fonte onde o meu pai foi buscar os seus valores e a sua visão da agricultura, do trabalho, o gosto de ver os agricultores que prosperavam e a preocupação que sentia pelo fim de algumas “casas de lavoura”. Uma leitura boa para me abstrair das intrigas do quotidiano, rir com algumas cenas e emocionar-me com outras.

Médico e escritor, Júlio Dinis nasceu no Porto em 1839 e morreu na mesma cidade com 31 anos, devido a tuberculose. Na busca de cura para essa doença, foi viver primeiro para Gaia e depois para a casa de uma tia em Ovar. Dessas andanças rurais resultou um conhecimento da agricultura, dos agricultores e do mundo rural à volta do Porto, conhecimento que demonstra nas descrições minuciosas das desfolhadas, nos diálogos cúmplices e nas ricas personagens que criou, do José das Dornas a Tomé da Póvoa.

Acho que ninguém escreveu sobre esta agricultura do Norte Litoral como Júlio Dinis. Miguel Torga teria idêntico conhecimento da agricultura transmontana, mais pobre, áspera e dura. Júlio Dinis escreveu com gosto e admiração pela gente das casas de lavoura que não tinha medo dos bois nem do trabalho, valorizando as inovações “já abonadas pela experiência de países mais cultos”. Criticou ou que viviam nos “desperdícios da corte” e deixavam “extenuar a terra e definhar-se a propriedade”, desejando que “a riqueza do país se desentranhasse do solo onde está enclausurada”.

Os mouros andaram por cá muitos anos. Talvez por isso neste século XXI Portugal ainda parece uma casa mourisca cheia de “fidalgos” que desvalorizam e criticam uma agricultura que desconhecem. 

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publicado às 00:48

É possível produzir milho sem rega?

por Carlos Neves, em 12.02.22

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A chuva macia é capaz de regar profundamente, penetrar na terra e abastecer as reservas de água subterrâneas. Os aguaceiros pesados levantam pedras e causam enxurradas de entulho. Acontece o mesmo com as discussões sobre a seca e falta de água. Em tom de acusação, diz-se que a agricultura gasta 75% da água, tal como os outros países do sul da Europa, ao contrário dos países do Norte onde chove como nos Açores e não é preciso regar. Curiosamente, barragens como o Lindoso, focadas na produção de energia, estão vazias e a que está quase cheia é aquela que tem como objectivo principal o regadio (a barragem do Alqueva), mas os “especialistas” insistem que não se devia regar milho em agosto no Alentejo, porque a água não chega ao solo. Subentende-se que seja por causa da evaporação. Se for de noite, já podem regar?

E se não for preciso regar, já podemos semear milho sem ser preciso importar como Singapura? Cerca de 15% do milho cultivado em Portugal não é regado. 25% do milho que cultivei o ano passado não teve rega. Mas isso exige condições especiais e tem outros custos. Há terrenos frescos que praticamente dispensam rega e outros onde simplesmente não há água disponível. Os agricultores baseiam-se na sua experiência, no aconselhamento técnico e pesam prós e contras antes de tomar decisões.

Vou contar a história do nosso “campo do sol”. Era uma parcela de terreno retangular, voltada a sul (por isso apanha o sol todo o dia) com um hectare e meio de boa terra, solo franco. Uma herança de família que foi dividida em 5 lotes pelos 5 filhos dos meus avós paternos. Em 1980, quando comecei a ajudar o meu pai nas regas, apenas um lote estava construído e cultivávamos a área restante. A água para rega era captada numa ribeira a 500 metros de distância, bombeada com a bomba “Perrot” acoplada ao trator Fordson e a meio caminho, no jardim da nossa casa, um motor elétrico ajudava ao resto do transporte. A água dessa ribeira era tingida à cor da moda pela fábrica de confeções Nórdica. Depois a fábrica fechou e vieram os esgotos domésticos. Só há muito poucos anos ligaram o saneamento. Mais próximo da ribeira as mangueiras rebentavam devido à pressão. Nos últimos metros a mangueira ardia anualmente por causa de uma vizinha que queimava os “valos” (as sebes à volta do campo) em frente à casa para os limpar quando vinha de férias da Alemanha. Acabámos com essa rega e passámos a levar a água ao campo com trator e cisterna. Quando assumi a empresa agrícola, num curso de “agro-gestão” realizado na Leicar, fiz as contas às horas de amortização do trator, cisterna e mão de obra. Segui o exemplo de um vizinho próximo com dois terrenos sem água de rega que conseguia colher milho porque semeava mais cedo uma variedade de milho de “ciclo curto”. Esse milhos crescem menos, mas amadurecem rápido e precisam menos água. Nunca mais reguei esse campo. Entretanto o terreno agrícola encolheu. Nos lotes dos meus tios foram construídas casas e no lote do meu pai passou uma estrada. Do campo do sol restam dois quintais que ainda cultivo sem precisar de rega. Um tem luzerna em sequeiro, no outro semeio milho “ciclo 200”, o mais cedo possível, e conseguimos colher milho para as galinhas da família. É o sistema perfeito? É o sistema possível atendendo às limitações. Tem um custo zero em rega, mas dá apenas metade da produção possível para o mesmo custo com semente, adubo e trabalho de lavoura e sementeira. Para semear mais cedo, colho mais cedo a erva, com menos produção. Não é um sistema perfeito. Posso fazer isso porque tenho outros terrenos com área suficiente para os animais. Outros colegas agricultores têm que aproveitar ao máximo a pouca área disponível.

Cultivo outros terrenos que não precisam de rega por serem terrenos frescos e consigo boas produções, talvez apenas 10 ou 20% abaixo do que conseguiria com rega. Em sentido oposto, há outros terrenos que me fazem gastar milhares de euros com a sua rega, porque a água não nos fica “de graça”. Tivemos de pagar as captações (furos, poços e minas) e temos de pagar bem cara a eletricidade ou gasóleo dos motores de rega.

"Cada nova solução trará novos problemas", aprendi esta semana. A vida real é mais complicada do que mandar uns bitaites para o ar. Convém ter alguma calma na discussão e mais respeito pelos agricultores. 

#carlosnevesagricultor

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publicado às 13:07

Um leite especial para uma vitela especial

por Carlos Neves, em 08.02.22

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273470586_363306105798982_5495636870460709023_n.jpNo domingo à noite, meia hora antes da hora prevista para acabar os trabalhos na vacaria e poder jantar, ouvi o berro de um animal que me fez adivinhar um parto a começar. Ainda faltava uma semana para a data de parto prevista, 9 meses após a Inseminação, mas a natureza (o vitelo ou vitela) é que manda. Levei a futura mamã para a zona de maternidade, terminei as outras tarefas e deixei o processo avançar.

Quando surgiram as patas da vitela ajudei ao parto, com ajuda da Carina e a presença do Luís, usando os forceps com a força necessária para puxar a vitela. Foi um parto assistido mas não difícil. Apesar disso, cansada e aborrecida, a nova mãe não quis lamber a cria. É uma coisa que às vezes acontece com esta raça de vacas leiteiras, porque não tem o mesmo instinto maternal de outras raças. Por isso levámos a vitela recém-nascida para o viteleiro, desinfetámos o umbigo, esfregámos para a estimular, secar e fomos jantar.
Depois de jantar e descansar um pouco, com ajuda do Pedro e do robô de ordenha, tirámos o leite à vaca e demos a mamar ao vitelo (como ensina o Sérgio Cortella num vídeo viral, “vaca não dá leite, tem que tirar”). Dar rapidamente a primeira refeição ao vitelo é um procedimento muito importante porque este primeiro leite, o colostro, para além de ser muito nutritivo e ativador da digestão, transmite a imunidade da mãe ao vitelo se for efetuado nas primeiras horas após o nascimento quando o intestino consegue absorver as imunoglobulinas.
Nos próximos 5 dias a vitela vai beber o leite da mãe em exclusivo, depois passará a beber do leite em pó durante 3 meses até ao desmame. Há agricultores que dão sempre leite das vacas. Uma vaca leiteira em Portugal dá em média cerca de 30 litros por dia, um vitelo precisa de 6 a 8 litros, por isso é fácil manter os vitelos com o leite de algumas vacas e sobra muito para vender. O ideal é ser pasteurizado e ser homogéneo todos os dias, portanto ordenhado dos mesmos animais, o que não é fácil numa pequena vacaria como a minha. Para mim é mais prático usar leite em pó. O custo é aproximado a usar leite das nossas vacas.
Estou a contar tudo isto porque há pessoas convencidas de que matamos os vitelos para roubar o leite às vacas. É falso. Na minha vacaria, tal como em todas vacarias que conheço, todas as vitelas são criadas para serem as futuras vacas em produção ou vendidas a outros agricultores para esse efeito. Os machos, porque não tenho espaço para os criar, são vendidos a outro agricultor que os engorda até ao abate muitos meses depois.
Isto é o que se passa na realidade e temos provas e testemunhas. Todos os animais que nascem são registados, levam o brinco com o número oficial e todos os movimentos ficam registados no sistema informático do ministério da agricultura. Nas cooperativas, organizações de produtores e serviços públicos há muita gente a trabalhar nesses registos para que todos tenhamos segurança alimentar.
De onde terá vindo essa ideia de que se matam os vitelos? Não sei exatamente, mas há 30 anos, em toda a Europa, quando houve o pânico por causa da doença das vacas loucas, as pessoas deixaram de comer carne durante meses e houve um mecanismo de retirar os vitelos para abate precoce. Ficou conhecida como “lei Herodes” e acabou pouco tempo depois.
Falta explicar um detalhe importante. O que tem esta vitela de especial? Ela é a Estrelita, filha da Estrela, a “toura” que o avô deu ao Luís no aniversário em junho de 2020 e cujo nome foi escolhido com ajuda dos amigos que seguem estas publicações. Um presente na semana em que o avô faria anos. A vida segue o seu caminho, marcado por trabalhos, lembranças e momentos especiais. #carlosnevesagricultor
Para quem quiser conhecer a história desta “toura” e do seu nome:
 
 

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publicado às 08:27

Campeões a gastar água e dizer disparates

por Carlos Neves, em 06.02.22

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Portugal está a sofrer um período de seca severa com pastagens a morrer e barragens vazias. É normal ter as pastagens secas porque não choveu em janeiro e fevereiro vai pelo mesmo caminho, mas até ao Natal ainda choveu alguma coisa. Porque estão tão vazias as barragens, sobretudo a Norte?
A explicação mais lógica que encontrei, feita por quem analisou o balanço energético do sistema elétrico nacional, diz que a água das barragens foi gasta nos últimos meses de 2021 a produzir energia para compensar a eletricidade que faltou com o fecho das centrais a carvão.
Nestas coisas de meter água, há opiniões para todos os gostos. Segundo o Eng. Poças Martins, citado pelo DN de 16 de janeiro, “no Norte estão os campeões nacionais de perdas de água”. A acusação refere-se a municípios que perdem 80% da água. Deixo aos senhores autarcas a resposta ao diretor da Secção de Hidráulica Recursos Hídricos e Ambiente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e secretário-geral do Conselho Nacional da água, mas concentro-me na parte que me toca. Ainda segundo o Eng. Poças Martins, "A agricultura usa, em Portugal, 70 a 80% da água, e praticamente não paga por ela. Como não paga por ela, usa demais, vai regar por aspersão milho em agosto. Nem uma gota chega lá ao sítio. Se a água tivesse um preço, esses agricultores não regavam milho. Se calhar, produziam outra coisa, e o milho a gente comprava fora, como Singapura faz. (...) Em vez de plantar milho, que gasta muita água e rende pouco, tem de passar a outro tipo de agricultura, e se não for aqui, faz-se noutro lado e compramos".
Temos aqui o exemplo perfeito de um europeu que fala de “barriga cheia” após dezenas de anos sem falta de alimentos. Só damos valor às coisas quando elas faltam, seja água ou comida. Curiosamente, também li algures que agora, com as centrais a carvão encerradas e as barragens vazias, estamos a gastar milhões importando eletricidade produzida em Espanha em centrais a carvão mais poluentes do que as fechadas em Portugal. Se a Europa abdicar da sua agricultura, que é das mais eficientes do mundo, também vai gastar milhões a importar comida produzida noutro local sem conseguir controlar a segurança alimentar, a poluição e as emissões correspondentes.
Produzimos milho em Portugal desde que esta espécie chegou à Europa vinda da América há 500 anos. Comemos broa de milho, alimentamos os animais e até usamos milho para fazer cerveja. Regamos por aspersão o milho há dezenas de anos, desde que há motores e aspersores, nos meses de junho, julho e agosto, se for preciso e houver água. Conseguimos o “milagre” de ter milho quando “nem uma gota chega lá ao sítio”. Em 1992, quando tentaram fechar o antigo Estádio de Alvalade porque a cobertura podia ruir, o Eng. Edgar Cardoso, autor da Ponte da Arrábida, foi saltar para cima da pala a mostrar que estava segura. Neste ano de 2022, quando chegarmos a Agosto, se sobrar alguma água para regar, desafio o Eng. Poças Martins a trazer a sua toalha da praia para um campo de milho, debaixo do aspersor, a ver se chega alguma gota “lá ao sítio”.
(foto de 28 de agosto de 2021)

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publicado às 14:46

A agropecuária não usa 75% da água

por Carlos Neves, em 05.02.22

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Na semana em que Portugal descobriu que está em seca, o PAN decidiu publicar mais uma mentira acusando a agropecuária de usar 75% da água. É falso. Segundo os dados disponíveis, 75% é a percentagem da água usada em toda a agricultura, desde os cereais para a cerveja até à vinha, fruta, hortícolas, framboesas, frutos vermelhos... O facto de usarem abelhas nas estufas, perdão, “túneis” da porta-voz do PAN não faz disso “agropecuária”.

É fácil de ver aqui a dualidade de critérios de quem nos acusa de dedo em riste. Juntam a pecuária à agricultura quando dá jeito criticar o uso da água. Esquecem a agricultura quando falam das emissões de gazes de efeito de estufa da pecuária, ignorando que o carbono que os animais libertam durante a digestão foi captado pelas plantas que os agricultores cultivam para alimentar os animais. Esquecem a floresta que faz parte do complexo agro-florestal. Noutras alturas ainda, quando dá mais jeito, falam da "indústria pecuária", para parecer que os alimentos são artificiais... Enfim...

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publicado às 13:22

Bem-vinda a casa, Lassie!

por Carlos Neves, em 03.02.22

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Há uma nova habitante na nossa quinta. Uma nova parceira para as nossas vidas e uma nova personagem para as nossas histórias.
Em Novembro, de repente, partiu desta vida a Chica, a cadela labrador que acompanhou o crescimento do Pedro nos últimos 12 anos e também do Luís nos últimos 6. Sabíamos que estava doente mas parecia bem e viveu feliz até ao fim dos seus dias.
Começámos a procurar um border collie, um sonho antigo que tínhamos, um cão inteligente e capaz de ajudar a guardar o gado. Nessa busca encontrámos uma "rough collie", uma raça original da Escócia também descendente de cães pastores. Dizem que é mais calma, mas por agora a nossa Lassie é uma "ganda maluca". Bem-vinda a casa, Lassie!

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publicado às 22:27


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