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Quando fiz zoom na foto do gato “Romeu”, para mostrar à minha mãe na TV, sorri ao aperceber-me que pelo vidro da janela atrás podia ver também um galo de Barcelos, recordação do 10º aniversário da APROLEP, celebrado com um almoço-debate no concelho de Portugal onde se produz mais leite, mas também a vaca faironika, símbolo do EMB, European Milk Board, Associação Europeia do Produtores de Leite.
Aquela vaquinha azul está no local onde, antes da pandemia, discutimos, reunimos e preparámos muitas das lutas dos produtores de leite nos últimos 10 anos. Veio da Itália, da cidade de Montichiari, junto ao lago Garda, no dia 15 de novembro de 2019, quando foi aprovada em Assembleia Geral a adesão da APROLEP ao EMB. Ainda tive medo que não a deixassem entrar no avião por considerarem perigoso aquele objeto azul com cornos, tal como doutra vez me tiraram um frasco de doce de leite comprado na feira de Paris. Por causa disso, mais tarde, ao voltar da primeira reunião do EMB em Bruxelas, antes de entrar no aeroporto, eu e o meu companheiro de viagem tentámos comer a caixa de bombons belgas que simpaticamente nos ofereceram como boas-vindas. São bons, mas enjoámos antes de comer um terço da caixa 😊. Felizmente o resto passou também na segurança do aeroporto!
“Faironika” vem de “fair”, justo, do “preço justo para a produção de leite”. Foi uma invenção da IG Milch, a associação correspondente à “Aprolep” na Áustria. Existe desde 2007, quando nasceu o European Milk Board. Promove o pagamento justo para os produtores de leite e pode ser vista em eventos de protesto e promoção de lácteos por toda a Europa. Tem como objetivo criar uma relação estreita entre produtores e consumidores.
Para mim, é mais do que uma vaca bonita com a bandeira da União Europeia. É símbolo da união, do inconformismo e da esperança dos agricultores que não se resignam e que dão a cara, o tempo e o melhor de si para alcançar um preço justo, suficiente para pagar o investimento, os custos de produção e o trabalho de quem cultiva a terra e cuida dos animais para alimentar toda a população.
#carlosnevesagricultor #aprolep #emb
Por estes dias, Vila do Conde, sede do meu concelho, está bonita e florida com as 60.000 tulipas que os jardineiros municipais plantaram. Multiplicam-se pelas redes sociais as fotos e elogios, mas também vi uma crítica. "Deviam plantar tulipas nos canteiros das restantes freguesias do concelho". A conversa não era comigo e por isso não respondi, mas apeteceu-me dizer que nas aldeias não é preciso gastarem dinheiro porque nós, agricultores, tratamos da paisagem gratuitamente e ainda produzimos alimento e oxigénio. Só precisamos que nos deixem trabalhar.